Antigo império que se estendia pelo leste da Europa e da Ásia setentrional e ocidental, hoje a Rússia compreende o território que até 1991 integrava a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), estabelecida após a Revolução Russa de 1917.
Ivan IV Vasilievitch ficou conhecido como Ivan, o Terrível,
por usar a tortura, o desterro e a execução para reprimir os
nobres que conspiraram contra ele. Embora famoso por sua
crueldade e seus excessos, fundou um poderoso Estado russo e
estabeleceu o modelo para o governo autocrático czarista.
Durante a era pré-cristã, o território era habitado por
grupos de tribos nômades. A grande região do norte
encontrava-se povoada por tribos de eslavos. No sul, a
região da Cítia foi ocupada por uma sucessão de povos
asiáticos, como os cimérios, os citas e os sármatas. Os
comerciantes e os colonos gregos estabeleceram numerosos
assentamentos ao longo da costa norte do mar Negro e na
Criméia.
Nos primeiros séculos da era cristã, os citas, de origem
asiática, foram deslocados pelos godos, povo germânico do
qual uma tribo (os ostrogodos) estabeleceu um reino às
margens do mar Negro. No século IV d.C., os hunos derrotaram
os godos, destruindo a Cítia. Os godos se mantiveram
provisoriamente no atual território da Ucrânia e a região da
Bessarábia. Mais tarde chegaram os ávaros, seguidos dos
magiares e dos jázaros, os quais mantiveram sua influência
até a primeira metade do século X.
A organização política dos eslavos orientais era ainda de
caráter tribal quando os vikings começaram a navegar e
comerciar pelos rios russos, no século IX. As dissensões
internas eram tão virulentas que permitiram a instauração de
uma aristocracia escandinava sobre os povos eslavos, o que
facilitou a escolha de um príncipe viking como líder que
fosse capaz de uni-los: Rurik, chefe escandinavo que em 862
converteu-se em governador de Novgorod; com ele começou a
expansão territorial do povo eslavo, que com a fundação do
principado de Kíev chegou à fronteira setentrional do
Império bizantino, com o qual estabeleceu um acordo
comercial em 911.
Com Iaroslav o Sábio, príncipe de Novgorod, no século XI, o
estado de Kíev alcançou seu máximo esplendor. Para
consolidar a posição de seus herdeiros, Iaroslav idealizou
um sistema de precedência, que estabelecia a hierarquização
dos diferentes principados.
A morte de Iaroslav contribuiu para o declínio de Kíev e a
Rússia se transformou num conjunto de pequenos estados em
confronto. Estimulada pelo comércio com as nascentes cidades
alemãs, Novgorod chegou a ser um próspero estado comercial
que alcançou posição dominante e no século XIII foi sede de
uma das principais feitorias da Liga Hanseática alemã. Esse
mosaico de cidades-estado unidas por língua, religião,
tradições e costumes comuns, mas governadas por membros das
múltiplas casas descendentes de Rurik que freqüentemente
estavam em guerra entre si, facilitou a intromissão dos
estrangeiros. Os cavaleiros teutônicos, os lituanos e os
polacos invadiam os territórios russos e ao sul aconteciam
constantes incursões por parte dos nômades polovetzi.
Pedro I, o Grande, impôs costumes ocidentais, construiu
estradas e canais, modernizou o Exército e a Marinha e abriu
os portos ao comércio. Com isso, conseguiu seu objetivo de
transformar a Rússia de um principado asiático em uma grande
potência européia.
Em 1223 o exército mongol de Gengis Khan iniciou suas
incursões pelo sudeste. Após sua vitória, os mongóis se
retiraram, regressando à Ásia, mas em 1237 Batu Khan, neto
de Gengis Khan, dirigiu novamente os mongóis para a Rússia
oriental. Em 1240, assolou a parte sudeste, destruindo Kíev.
Os tártaros saquearam a Polônia e a Hungria e continuaram em
direção leste, até a Morávia. Em 1242, Batu Khan estabeleceu
sua capital em Sarai, no curso inferior do Volga (hoje
Volgogrado) e fundou o kanato conhecido como a Horda de
Ouro, que foi praticamente independente do Império mongol. O
governo, as leis e os costumes tártaros abalaram
consideravelmente as tradições russas.
O noroeste da Rússia foi ameaçado por invasores procedentes
do oeste; os suecos se apossaram dos territórios de Novgorod;
o príncipe Aleksandr Iaroslavevitch derrotou os suecos e a
partir de então ficou conhecido como Alexandre Nevski. Dois
anos mais tarde a Ordem Teutônica avançou novamente a partir
do oeste, mas Alexandre derrotou-os. Ameaçado por contínuo
perigo no oeste, adotou uma política de submissão à Horda de
Ouro. Em 1263, Alexandre Nevski entregou Moscou a seu filho
Daniel, com o qual se inicia uma linhagem de duques
moscovitas que pouco a pouco foram estendendo suas terras,
anexando os territórios vizinhos. Tão logo contaram com o
apoio da Igreja, começaram a organizar um novo estado russo.
Em meados do século XIV, o grão-duque Dimitri Donskoi
liderou com êxito a primeira revolta contra o poder dos
mongóis.
O grão-duque Ivan III, o Grande, começou a considerar-se
czar de um regime autocrático. Incorporou à Moscóvia os
estados de Novgorod, em 1478, e Tver, em 1485. A dominação
mongol terminou em 1480. Uma vez livre do controle tártaro,
entre 1492 e 1500 Ivan invadiu os territórios lituanos.
Ivan IV, o Terrível, foi proclamado soberano em 1533 e em
1547 transformou-se no primeiro grão-duque moscovita a ser
coroado czar. Seu principal objetivo era debilitar o poder
dos boiardos (membros da alta nobreza) e da Igreja. Em uma
de suas primeiras medidas, determinou que metade das terras
da Moscóvia (Oprichnina) fosse propriedade patrimonial do
czar e com isso estabeleceu um novo grupo social, denominado
oprichniki.
Em 1552, os exércitos moscovitas conquistaram e anexaram o
reino tártaro de Kazán. Astracã passou a ser território
russo em 1556. A zona fronteiriça da Moscóvia foi ocupada
pouco a pouco pelos cossacos, homens livres recrutados
voluntariamente para o serviço do czar. Em 1581, uma
expedição cossaca cruzou os Urais e iniciou uma colaboração
mútua que possibilitou que a maior parte dos territórios do
Obi fossem administrados por um governador russo, começando
assim a conquista da Sibéria. Ivan, embora conhecido como o
Terrível por suas crueldades, fortaleceu o Estado e
estabeleceu as bases do governo supremo dos czares.
A princesa alemã Sophie Fredericke Auguste von Anhalt-Zerbst
contraiu matrimônio com o czar russo Pedro III. Em
decorrência do péssimo governo do czar e dos maus tratos que
dele recebeu, Catarina organizou uma rebelião que o
destronou. Já como czarina, adotou o nome de Catarina II e
continuou a ocidentalização do país iniciada por Pedro I, o
Grande. Manteve correspondência com livres-pensadores
franceses como Voltaire e Diderot. Sentiu-se, no entanto,
ameaçada pelas radicais e democráticas reformas da Revolução
Francesa. Manteve a escravidão, incrementou os privilégios
da nobreza e esmagou brutalmente as rebeliões que ameaçaram
seu poder.
Seu filho Teodoro I (1584-1598) foi dominado pelo boiardo
Boris Godunov. O Estado russo cresceu em poder e prestígio.
Em 1598 Godunov conseguiu ser eleito czar pela Assembléia
Nacional. No entanto, a misteriosa morte de Dimitri
Ivanovitch, último filho de Ivan o Terrível, provocou uma
revolta que fez com que o país caísse em estado de total
anarquia, que só terminou em 1613, quando a Assembléia
Nacional escolheu como czar Miguel Romanov, que iniciou a
dinastia dos Romanov. Sob os primeiros soberanos dessa
família, novas leis outorgaram aos nobres propietários de
terras maior poder sobre seus servos. Em 1654, os cossacos
livres da Ucrânia se rebelaram contra a dominação polonesa e
ofereceram seu apoio ao czar. Após a guerra com a Polônia
(1654-1667), a Rússia recuperou o leste da Ucrânia.
A ascensão de Pedro I, o Grande, em 1682, marcou o começo de
um período durante o qual a Rússia alcançou grande poder
dentro da Europa. Em 1721, Pedro foi proclamado "czar de
todas as Rússias" dando origem ao Império russo, que através
do estabelecimento de uma capital sobre o Báltico, São
Petersburgo, quis marcar sua nova vocação européia.
Ao governo autoritário de Pedro I seguiu-se um período de
debilidade. O trono, após conjurações e conspirações, passou
por vários sucessores e distintos governadores. Em 1741,
Elizabeta Petrovna chegou ao trono e sob seu governo
produziu-se uma recuperação nacional; em guerra contra a
Suécia (1741-1743), a Rússia conseguiu parte da Finlândia.
Posteriormente, aliou-se à Áustria e à França na guerra dos
Sete Anos (1756-1763), contra a Prússia. Seu sobrinho e
sucessor Pedro III foi sucedido no trono por sua esposa
Catarina II, a Grande.
O êxito de seu governo permitiu a expansão da Rússia,
baseado na adesão aos princípios do Iluminismo. Mas a
eclosão de um levante cossaco e de camponeses fez com que
Catarina endurecesse ainda mais as opressivas leis sobre
servidão e abandonasse progressivamente seus pontos de vista
liberais.
Seu neto, Alexandre I Pavlovitch, começou seu reinado
garantindo anistia aos presos políticos, projetando uma
constituição para o Império e rechaçando muitas das medidas
restritivas de seu pai. Em 1805, Rússia, Grã-Bretanha,
Áustria e Suécia criaram a Terceira Coalizão contra Napoleão
Bonaparte. Posteriormente, aliou-se à França mediante o
tratado de Tilsit (1807). A Rússia ocupou a Bessarábia,
adquiriu as ilhas Aaland e toda a Finlândia e ampliou suas
fronteiras na Ásia. Mas como não aceitou o rigoroso plano de
bloqueio continental contra a Inglaterra, em 1812 Napoleão
invadiu a Rússia. Após a derrota francesa, Alexandre
tornou-se a figura central da aliança, que terminou com a
expulsão de Napoleão. Como resultado do Congresso de Viena
(1815), a maior parte do ducado de Varsóvia passou a ser
propriedade russa.
Alexandre Nevski, governante e herói nacional russo,
derrotou os suecos no rio Neva em 1240, de onde originou-se
o sobrenome Nevski. Fosse pela força ou por meio de pactos,
manteve a Rússia unida e livre do domínio invasor do norte,
do leste e do oeste. Foi canonizado em 1547 pela Igreja
ortodoxa russa.
O trono passou a seu irmão mais jovem, Nicolau I,
oportunidade em que um grupo de oficiais organizou a revolta
decembrista. O imperador sufocou a revolta, mas aumentou o
descontentamento popular com as medidas reacionárias que
adotou. Após as revoluções de 1848, que sacudiram toda a
Europa, Nicolau iniciou uma campanha contra a difusão das
idéias liberais na educação e nos círculos intelectuais.
Nicolau I expandiu o Império em direção ao Mediterrâneo.
Após a guerra russo-turca obteve, mediante o Tratado de
Adrianópolis (1829), soberania sobre os povos do Cáucaso e
estabeleceu um protetorado sobre os novos principados da
Moldávia e da Valáquia, assim como a liberdade de comércio
no império Otomano. Mas as potências européias temeram um
excessivo poderio russo sobre o decadente estado turco, o
que levou à guerra da Criméia (1853-1856), em que a Rússia
enfrentou a uma coalizão formada por Turquia, Grã-Bretanha,
Piamonte e França, e foi duramente humilhada.
A posição de seu sucessor Alexandre II no mar Negro foi
neutralizada após a assinatura da Paz de Paris (1856), além
de ter sido abolido o protetorado russo sobre os principados
do Danúbio. Na política interior, cresceram os movimentos
revolucionários. Os polacos se sublevaram pela segunda vez e
a Polônia foi colocada sob o controle absoluto da Rússia.
Esta, por sua vez, retomou sua atitude agressiva contra a
Turquia depois de 1871. O destronamento de Napoleão III
permitiu à Rússia ampliar ali sua esfera de influência.
Quando Sérvia e Montenegro se levantaram contra a Turquia em
1876, a Rússia interveio para ajudá-las; após a guerra
russo-turca de 1877 e 1878, Alexandre II conseguiu maiores
concessões da Turquia, ainda que tivessem sido moderadas por
parte das potências européias, temerosas de que a Rússia
ampliasse seu domínio.
O fracasso nos objetivos bélicos exacerbou o
descontentamento popular. Alexandre II morreu assassinado e
seu filho Alexandre III instituiu censura rígida e
supervisão policial das atividades intelectuais. A opressão
sobre os judeus foi especialmente dura, manifestando-se
através dos pogroms, que incluíam saques e assassinatos
coletivos. Os trabalhadores industriais acolheram de bom
grado a propaganda revolucionária e as teorias marxistas
encontraram numerosos adeptos. Nas cidades mais
industrializadas, como Moscou e São Petersburgo, o
desenvolvimento de um movimento revolucionário de caráter
subversivo encontrou logo grande número de seguidores.
Nicolau II, que subiu ao trono em 1894, foi um governante
fraco, facilmente dominado por outros, e um firme seguidor
dos princípios autocráticos ensinados por seu pai. A
autocracia, a opressão e o controle policial cresceram ainda
mais sob seu mandato e aumentou o número de ações
terroristas. Alguns dirigentes revolucionários exilados,
como Lenin, conduziram o movimento socialista. Em relação à
política exterior, os interesses russos na região de Dongbei
Pingyuan ou Manchúria chocaram-se com os do Império Japonês
em expansão, fazendo eclodir assim a guerra em fevereiro de
1904. Necessitado da ajuda do povo para fazer frente à
guerra com o Japão, o governo permitiu que um congresso se
reunisse em São Petersburgo em novembro de 1904. Rejeitados
pelo governo os pedidos de reforma que fizera o Congresso,
estes foram assumidos pelos grupos socialistas, que
organizaram várias manifestações. Em 22 de janeiro de 1905,
milhares de pessoas lideradas por Georgi Apolonovitch Gapon,
sacerdote revolucionário, marchavam pacificamente rumo ao
Palácio de Inverno de São Petersburgo, para apresentar seu
protesto, quando foram interceptados e metralhados pelas
tropas imperiais; centenas deles morreram naquele que se
decidiu chamar o domingo sangrento.
Mikhail Gorbatchov foi o último líder da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). As reformas
iniciadas por ele, nos últimos anos da década de 1980,
chamaram-se glasnost ("abertura") e perestroika
("reestruturação"). Elas levaram o país às reformas
democráticas e ao abrandamento das tensões com o Ocidente,
sobretudo com os Estados Unidos. Em 1987, Gorbatchov e o
presidente americano Ronald Reagan assinaram um acordo para
redução de mísseis nucleares de médio e pequeno alcance.
Gorbatchov deixou o poder em 1991 quando os estados-membros
da URSS votaram por extinção da federação.
Este massacre assinalou o começo da revolução. O fluir dos
acontecimentos, combinado com o desastre da guerra contra o
Japão, obrigou o czar a fazer determinadas concessões:
prometeu a formação de uma assembléia representativa ou Duma
e deu maior liberdade aos polacos. Não obstante, não
conseguiu deter a marcha da revolução. Criaram-se soviets
(conselhos operários), cujos delegados se reuniram em São
Petersburgo, e em 14 de outubro convocaram uma greve geral,
acompanhada de movimentos nacionalistas de descontentamento
na Finlândia e na Polônia, e revoltas de camponeses,
acrescentando-se a tudo isto a completa derrota da Rússia na
guerra contra o Japão. No começo de 1906, o governo
conseguiu retomar uma vez mais o controle do país. A
primeira Duma foi constituída em maio desse ano, mas
anteriormente já se haviam aprovado várias leis que
garantiam os poderes autocráticos do czar. Foi dissolvida
dois meses depois de inaugurada. Em 1907 foi instituída uma
segunda Duma que seria também dissolvida em pouco tempo.
Enquanto isso, os moderados e os conservadores iniciaram sua
cooperação com o governo, controlando a atividade da
terceira Duma, que aprovou várias reformas moderadas. O
começo da I Guerra Mundial em 1914 significou a interrupção
momentânea das atividades revolucionárias dos radicais. A
guerra eclodiu quando a Rússia recusou-se a permanecer
neutra diante do ultimato da Áustria à Sérvia, após o
assassinato do arquiduque Francisco Fernando de Habsburgo. A
quarta Duma realizou então uma única sessão para obter apoio
popular ao governo.
No final de 1914, o Exército russo já havia sofrido duras
derrotas diante dos alemães, especialmente no leste da
Prússia. Essas derrotas aumentaram em 1915 e, com as
deserções que começaram a acontecer, a guerra adquiriu
caráter impopular em toda a Rússia, enquanto aumentava a
repressão e se mantinha a corrupção por parte do governo. O
czar, dominado por sua esposa Alexandra, alemã de
nascimento, perdeu a confiança do povo e passou a ser
influenciado por Rasputin, que praticamente controlava as
decisões governamentais, até as de caráter militar. Em
dezembro de 1916, um grupo de aristocratas organizou seu
assassinato. No entanto, a agitação revolucionária continuou
em ascensão e em fevereiro de 1917 começaram os distúrbios
em Moscou; as tropas, em lugar de voltar-se contra os
revolucionários, uniram-se a eles. Finalmente, em 15 de
março, aconteceram as abdicações do czar Nicolau II e de seu
filho, deixando a administração em mãos de um governo
provisório organizado pela quarta Duma. Assim findou o
império russo.
Pouco depois da dissolução da URSS, em 1991, surgiu a luta
pelo poder entre as forças conservadoras e reformistas. O
presidente Boris Yeltsin, eleito em junho de 1991 por
sufrágio popular, recebeu poderes absolutos outorgados pelo
Congresso de Deputados, um dos corpos legislativos
estabelecidos pela Constituição Soviética de 1978. Yeltsin
usou seus poderes para iniciar um programa de reformas
econômicas e fazer uma série de nomeações regionais, para
dominar as assembléias legislativas locais controladas pelos
neocomunistas. Os conservadores, liderados pelo presidente
do Soviet Supremo Ruslan Jasbulatov, tentaram reduzir os
poderes de Yeltsin após uma campanha de reforma econômica
radical no começo de 1992. Em dezembro do mesmo ano, numa
reunião do Congresso de Deputados, o primeiro ministro em
exercício Iegor Gaidar (1992), artífice do plano
governamental de reformas econômicas, foi substituído por
Viktor Stepanovitch Tchernomirdin, antigo membro do Partido
Comunista da União Soviética (PCUS). O Congresso de
Deputados também rescindiu alguns dos poderes outorgados ao
presidente e o Tribunal Constitucional desautorizou a
proibição do PCUS, uma iniciativa do próprio Yeltsin.
Chegou-se a um acordo com o Congresso de Deputados no final
de 1992, para realizar eleições que permitissem elaborar uma
nova constituição. Os conservadores se opuseram a esse
acordo e Yeltsin formou um novo governo de emergência. Pouco
depois, alguns grupos modificaram suas posições: o
presidente anulou o regime de emergência e os conservadores
permitiram que fossem realizadas as votações em 25 de abril
de 1993.
Yeltsin obteve esmagadora vitória nas urnas, mas as eleições
não conseguiram resolver o problema da luta pelo poder. Em
setembro de 1993, expulsou Rutskoi da vice-presidência por
escândalos de corrupção, apesar dos protestos do Parlamento.
Nesse mesmo mês, o presidente decretou a dissolução do
Parlamento, devido à resistência dos deputados conservadores
para a formação de uma Assembléia Constituinte. O Parlamento
denunciou as ações de Yeltsin como inconstitucionais e
declarou Rutskoi presidente. Cerca de cem deputados e outros
tantos seguidores armados, dirigidos por Jasbulatov e
Rutskoi, ocuparam o edifício do Parlamento e provocaram
outras revoltas. O governo respondeu então com o bombardeio
do edifício do Parlamento, prendendo seus ocupantes, e em
outubro de 1993 Rutskoi e Jasbulatov foram acusados de
incitar a desordem pública.
No entanto, a vitória de Yeltsin sobre os conservadores
durou pouco. As eleições de dezembro de 1993 permitiram um
inesperado êxito dos partidos nacionalistas e comunistas, em
especial do Partido Liberal Democrático, encabeçado por
Vladimir Jirinovsky. Em fevereiro de 1994, a nova Duma
anulou as acusações que ainda pesavam sobre Rutskoi e
Jasbulatov pelas ações de outubro de 1993, além de garantir
a anistia aos organizadores do golpe de estado de agosto de
1991 contra o dirigente soviético Mikhail Gorbatchov.
Yeltsin enfrentou os ultraconservadores convocando novas
eleições, com o objetivo de manter a presidência
independente dos reacionários.
Nas eleições legislativas celebradas em dezembro de 1995 os
comunistas, encabeçados por Guennadi Ziuganov,
consolidaram-se como a primeira força da Duma, o que
significou um novo revés para Yeltsin e pôs à mostra a
resistência popular a sua política. Por outro lado, a
decomposição da sociedade russa permitiu o aumento de
organizações mafiosas que têm presença cada vez maior na
economia russa.
Mas os principais problemas surgiram no terreno étnico.
Aproveitando os enfrentamentos de diferentes tendências na
autoproclamada república da Tchetchênia (que estava fora do
controle de Moscou desde 1991), Yeltsin decidiu intervir
militarmente em dezembro de 1994, desencadeando cruenta
guerra, na qual a população civil foi bombardeada; a
resistência dos rebeldes tchetchenos pôs em evidência a
ineficácia do aparato militar russo. Em meados de 1996, após
o assassinato do antigo presidente tchetcheno Dzhokhar
Dudaiev, iniciaram-se conversações de paz que permitiram
aliviar a situação.
No âmbito internacional, apesar de sua adesão ao projeto da
Aliança para a Paz, recusou abertamente a incorporação de
seus antigos aliados da Europa do Leste à Organização do
Tratado do Atlântico Norte (OTAN), ameaçando com o não
cumprimento dos acordos que visam à redução de armamentos.
Por Rainer Gonçalves Sousa