As culturas mais antigas registradas são as
do paleolítico (50000-8000 a.C.), que deixaram rica herança
artística de pinturas rupestres, como as de Lascaux.
Os gregos, no século VII a.C., estabeleceram uma colônia em
Marselha e negociaram com o interior através do vale do
Ródano. No século V a.C. a cultura de La Tène se extendeu do
leste da Gália a todo o resto do mundo celta.
Em 121 a.C., os romanos ocuparam Marselha, a que chamaram
Massilia, e fundaram outros assentamentos no interior, que
constituíram a base territorial da província romana da Gália
Narbonense. Júlio César conquistou o resto da Gália entre 58
e 51 a.C., consolidando o poder romano.
Ao longo de todo o século IV da nossa era, pequenos grupos
de germanos se haviam assentado na Gália por meio de pactos
com as autoridades romanas. Em 406, este movimento se
converteu em invasão quando os vândalos, os suevos e os
alanos atravessaram a fronteira e se espalharam através da
Gália. Em 412, os visigodos se estabeleceram no sul e em 440
os burgúndios na Gália oriental.
No último quarto do século V, quando diminuiu a autoridade
imperial romana na parte ocidental do Império, os francos
sálios conquistaram a Gália. Seu rei, Clodoveu I, ao
converter-se ao cristianismo em 496, pôde consolidar seu
domínio sobre o país.
A dinastia de Clodoveu, os merovíngios, governou até o ano
751. De acordo com o costume francês, todas as possessões do
rei, inclusive o título real, se dividiam, com sua morte,
entre seus filhos. Devido a esta prática, a França
merovíngia se caracterizou por uma contínua desunião que
culminou na guerra civil do século VI. No final do século
VII, um mordomo do palácio, Pepino de Herstal, mostrando-se
superior a seus rivais, estendeu com êxito sua autoridade
sobre os ducados francos da Nêustria e da Borgonha. Em 751
Pepino, o Breve, depôs o último rei merovíngio e foi coroado
rei dos francos.
A nova dinastia — posteriormente denominada carolíngia, por
causa de seu membro mais destacado, Carlos Magno — se
consolidou com a aliança estabelecida por Pepino com o
Papado. Em troca da ajuda dos francos contra os lombardos,
que estavam invadindo o território papal na Itália, o papa
Estêvão II aprovou a pretensão ao trono dos carolíngios. Com
a morte de Pepino (768), Carlos Magno se converteu em rei
até o ano 800, quando foi coroado pelo papa Leão III com o
título de Imperador dos Romanos.
Os ataques dos vikings e os problemas ocorridos após o
reinado de seu filho Luís I, o Piedoso, significaram o
início da decadência do Império carolíngio.
Luís decretou em 817 que seu filho mais velho, Lotário I,
herdaria o Império e que seus três filhos mais jovens,
Pepino de Aquitânia, Luís II, o Germânico, e Carlos, o
Calvo, teriam reinos a ele subordinados. A divisão deu lugar
a uma série de conflitos que só foram resolvidos em 843, com
o Tratado de Verdun.
A desunião dos francos facilitou as incursões dos vikings
que, em 911 e sob o comando de Rollon, obtiveram de Carlos
III, o Simples, o território do curso inferior do Sena, que
recebeu o nome de Normandia.
Com a morte de Luís V, último rei carolíngio, Hugo I Capeto
iniciou a dinastia dos Capetos. Do ano 987 até 1328, a coroa
foi transmitida sem interrupções na linha masculina direta.
A catedral de Chartres é um dos edifícios
góticos mais famosos do mundo graças, em grande parte, a sua
decoração escultórica e a suas janelas, que conservam a
maior parte dos vitrais originais. A construção foi iniciada
em 1194, após o incêndio que destruiu a antiga catedral
situada no mesmo local. As duas torres na fachada oeste
foram construídas com trezentos anos de diferença e têm
diferentes formas e alturas, devido a modificações do estilo
arquitetônico. O capitel, do final do período românico, em
primeiro plano, é datado do século XIII e a agulha norte, do
final do período gótico, ao fundo, é do século XVI.
Luís VI, o Gordo, consolidou o poder real na Île-de-France,
região com centro em Paris, que era o feudo hereditário da
família. Felipe II Augusto, por intermédio de seu primeiro
matrimônio, conseguiu novos territórios no norte da França —
Artois, Valois e Vermandois. Também assegurou o controle
real sobre Vexin, uma área pequena, porém vital, no rio
Sena, por constituir a fronteira entre a Normandia e a
Île-de-France.
Em 1204, Felipe empreendeu a conquista militar da Normandia
e de Anjou. Dez anos depois, o monarca francês assegurou os
territórios conquistados ao vencer uma coalizão formada por
Inglaterra, Flandres e o Sacro Império Romano na batalha de
Bouvines.
Luís VIII, o Leão, dirigiu uma campanha que terminou com a
expansão do domínio real em direção à costa mediterrânea.
Felipe IV, que reinou entre 1285 e 1314, foi o último dos
grandes reis Capetos e fortaleceu amplamente os poderes
régios. O rei anexou com êxito o Franco Condado, Lyon e
partes da Lorena, mas fracassou em seu objetivo de controlar
Flandres.
A intervenção de Felipe IV em Flandres foi bastante onerosa,
o que o levou a tentar gravar com impostos o clero,
provocando agudo conflito com o papa Bonifácio VIII.
Entre 1314 e 1328, três filhos de Felipe IV — Luís X (e seu
filho João I, o Póstumo, que só viveu alguns meses), Felipe
V e Carlos IV, o Belo — subiram ao trono sucessivamente e
todos morreram sem deixar nenhum herdeiro varão. Com a morte
de Carlos IV, a coroa passou ao sobrinho de Felipe IV,
Felipe de Valois, que reinou como Felipe VI de 1328 a 1350,
começando a dinastia Valois. O rei inglês Eduardo III, em
1337, reivindicou a condição de herdeiro do trono francês,
por ser neto de Felipe IV, e os dois reinos entraram em
conflito, iniciando-se a Guerra dos Cem Anos.
A segunda metade do século XIV foi um período marcado por
várias manifestações de mal-estar social. Com uma economia
deprimida, os custos da guerra continuaram a se avolumar.
Durante este período os Estados Gerais, convocados pela
primeira vez por Felipe V, conseguiram grande poder.
Durante o reinado de Carlos VI (1380-1422), o rei inglês
Henrique V invadiu a França, derrotou o exército francês na
batalha de Azincourt e tomou o controle da maior parte da
França ao norte do Loire.
A revitalização francesa sob Carlos VII (reinou de 1422 a
1461) começou com a figura de Joana d'Arc. A guerra
continuou por mais de 20 anos e em 1453 os ingleses tiveram
que ceder todos os seus territórios continentais, com
exceção de Calais.
Luís XI, que reinou de 1461 a 1483, consolidou a autoridade
real, incorporou a maior parte do ducado de Borgonha a seu
reino e utilizou as receitas reais para proteger, facilitar
e estimular o desenvolvimento econômico.
Carlos VIII, rei de 1483 a 1498, casou-se com Ana, duquesa
da Bretanha. Graças a esse casamento, o último principado
feudal independente se incorporou à Coroa francesa.
Com apenas 13 anos, Joana d'Arc convenceu um
conselho de teólogos de que Deus lhe havia encomendado
salvar a França, durante a guerra dos Cem Anos com a
Inglaterra. Conduziu a França a diversas vitórias militares
sobre os ingleses em 1429. Um ano depois, ao dirigir uma
batalha sem autorização, foi feita prisioneira, acusada e
condenada por heresia, por pretender tratar com Deus sem
levar em conta a Igreja Católica. Joana d'Arc foi queimada
na fogueira em 1431, mas depois de 25 anos a Igreja
modificou a condenação e mais tarde canonizou-a.
No final do século XV, a França havia superado as divisões
territoriais de seu passado feudal e virou uma monarquia
nacional que incorporava a maioria dos territórios
compreendidos entre os Pireneus e o canal da Mancha. Na
metade do século seguinte, a paz interna e o crescimento da
economia elevaram a posição social dos grandes comerciantes,
dos banqueiros e dos cobradores de impostos, enquanto a
nobreza, dependente de receitas fixas e com as dívidas em
aumento, viu como a inflação ameaçava seu poder econômico e
social.
Os três primeiros monarcas do período — Carlos VIII, Luís
XII e Francisco I — aproveitaram o forte crescimento da
nação e a estabilidade interna para reclamar pelas armas o
reino de Nápoles e o ducado de Milão. Na década de 1520, as
guerras italianas se converteram em ampla disputa entre a
França e a dinastia dos Habsburgo, reinante na Espanha e na
Áustria, um enfrentamento que continuou de forma
intermitente durante um século e meio. As guerras italianas
terminaram com a Paz de Cateau-Cambrésis (1559), negociada
pelo filho de Francisco I, Henrique II.
O aumento da população, sem o correspondente aumento da
produção, e a inflação monetária, levaram a maioria do povo
à pobreza. A Reforma protestante, que se propagou a partir
da Alemanha durante o reinado de Francisco I, havia atraído
muitos seguidores; mas nas décadas de 1540 e 1550, os
postulados e doutrinas de João Calvino conseguiram o apoio
de muitos partidários entre a nobreza e o povo simples.
Henrique II considerou o calvinismo uma ameaça à autoridade
real e tentou acabar com ele. Sob o reinado dos três filhos
que o sucederam, as guerras de religião (onde se misturaram
conflitos religiosos, políticos e dinásticos) dilaceraram o
país.
Em 1584 Henrique de Navarra, descendente de Luís IX e chefe
dos huguenotes (nome que receberam os protestantes
franceses), passou a ser o herdeiro do trono, ao qual
ascendeu com o nome de Henrique IV da França, estabelecendo
a dinastia dos Bourbon no trono francês.
Em 1598, Henrique IV tentou assegurar a paz interna em seus
domínios mediante a promulgação do Edito de Nantes, que
garantia a liberdade de consciência.
A Henrique sucedeu seu filho, Luís XIII. Em 1624, escolheu
como primeiro ministro o cardeal de Richelieu, que foi o
governante efetivo da França durante os 18 anos seguintes.
As principais metas de Richelieu consistiram em eliminar
todos os rivais do poder real e conter as ameaças do
estrangeiro.
O palácio e os jardins de Versalhes, próximos
a Paris, são famosos por sua beleza e luxo. Quase 101
hectares de jardins meticulosamente planejados rodeiam o
impressionante palácio barroco de mais de 1.300 quartos. A
construção do palácio foi iniciada em 1661, durante o
reinado de Luís XIV, e concluída 40 anos mais tarde. Foi a
residência real até a Revolução Francesa de 1789.
Quando Richelieu se converteu no primeiro ministro do rei, a
guerra dos Trinta Anos se encontrava em sua primeira década.
Em 1635, Richelieu introduziu a França na guerra, como
aliada dos protestantes suecos e holandeses contra os
Habsburgo católicos. A Paz de Vestfália (1648) concedeu a
maior parte da Alsácia ao reino da França e assegurou a
contínua divisão e debilidade dos territórios alemães.
Mediante a Paz dos Pireneus (1659), firmada com a Espanha, a
França conseguiu Artois no norte e o Roussillon na fronteira
espanhola.
Luís XIV governou inicialmente tendo como primeiro ministro
o protegido de Richelieu, o cardeal Giulio Mazarino, que
concluiu de forma vitoriosa a guerra com os Habsburgo e
derrotou no interior o primeiro esforço coordenado da
aristocracia e da burguesia para alterar a concentração de
poder nas mãos do rei realizada por Richelieu. Em 1648, o
Parlamento de Paris e os burgueses da cidade, unidos,
protestaram contra os elevados impostos e, com o apoio dos
artesãos, provocaram uma rebelião contra a Coroa, denominada
A Fronda.
Com a morte do cardeal Mazarino em 1661, Luís XIV governou a
França pessoalmente e se instituiu como modelo do monarca
absolutista que governava por direito divino. O monarca era
o representante de Deus na terra e a obediência do clero
proporcionou-lhe a justificação teológica de seu direito
divino. Um movimento dissidente, o jansenismo, que se
desenvolveu no século XVII, passou a constituir ameaça
política, razão pela qual Luís XIV lutou contra ele desde
seus primórdios.
O ministro das Finanças, Jean-Baptiste Colbert, foi o grande
expoente da era do mercantilismo. Antes de finalizar o
reinado, no entanto, as despesas de guerra haviam arruinado
a maior parte do trabalho de Colbert no âmbito econômico. Em
1685, Luís XIV revogou o Edito de Nantes, o que fez com que
a maioria dos huguenotes abandonassem a França, provocando
grandes perdas econômicas.
Carlos II, rei da Espanha, não tinha herdeiro direto, o que
o levou a nomear para sucedê-lo o neto de Luís XIV, Felipe
de Anjou. Os outros Estados europeus temeram as
conseqüências do grande aumento de poder dos Bourbon e se
uniram em coalizão para evitá-lo. A Guerra da Sucessão
Espanhola durou treze exaustivos anos. No final, Luís
conseguiu seu principal objetivo e seu neto se converteu em
rei da Espanha com o nome de Felipe V.
Luís XIV morreu em 1715 e foi sucedido por Luís XV. Tanto a
ele como a seu sucessor, Luís XVI, faltava a habilidade
necessária para adaptar as instituições nacionais às
condições mutáveis do século XVIII. Não obstante, foi uma
das épocas mais importantes da história do país. A França
era a nação mais rica e poderosa do continente. O século se
caracterizou por um extraordinário crescimento econômico e
desenvolvimento cultural.
A nobreza conduziu nos parlamentos (tribunais) das
províncias a oposição às iniciativas reais, reivindicando
que os decretos reais fossem submetidos à aprovação
parlamentar, com o objetivo de controlar o governo.
A oposição da classe intelectual à monarquia foi conduzida
pelos filósofos, que sustentavam que toda a população tinha
certos direitos naturais — vida, liberdade e propriedade — e
que os governos existiam para garantir esses direitos. Estas
idéias foram especialmente apreciadas pela burguesia, que
havia aumentado em número, riqueza e ambição e ansiava
estender sua destacada posição sócioeconômica ao âmbito
político, participando das decisões do governo. Através da
burguesia, as idéias penetraram as camadas inferiores da
sociedade e chegaram a formar parte da cultura popular antes
da revolução.
Os problemas financeiros do governo se acentuaram depois de
1740 pela retomada dos confrontos bélicos. A guerra de
sucessão austríaca (1740-1748) e a Guerra dos Sete Anos
(1756-1763) foram conflitos europeus nos quais se decidia a
hegemonia na Europa central e nas colônias. A França perdeu
seu vasto império colonial na América e na Índia. Em 1778,
os franceses intervieram na Guerra da Independência
Norte-americana, apoiando a rebelião dos colonos para, dessa
forma, debilitar a Grã-Bretanha e recuperar as colônias
perdidas. No entanto, as esperanças francesas não se
cconcretizaram, apesar do êxito dos insurgentes, e sua
participação na guerra incrementou a já crescente e onerosa
dívida nacional.
A responsabilidade de enfrentar a crise financeira recaiu
sobre o jovem e indeciso Luís XVI. Depois de os parlamentos
provinciais bloquearem todos os programas de reforma
apresentados pelos ministros e improvisarem uma Assembléia
de Notáveis em 1788, Luís obrigou o Parlamento de Paris a
aceitar os editos reais que privavam os parlamentares de
seus poderes políticos. Juízes, nobres e clérigos resistiram
e tentaram evitar a aplicação do decreto real; conseguiram o
apoio do exército e de uma população afetada por altos
índices de desemprego e pelo preço do pão. Em julho, a
assembléia de uma das províncias meridionais votou pela
anulação da cobrança de impostos até que o rei convocasse
uma sessão dos Estados Gerais, inativos desde 1615. Luís
concordou em reunir os Estados Gerais em maio de 1789. A
aristocracia havia triunfado na primeira etapa da Revolução
Francesa, a qual terminou com a eleição de uma nova
assembléia constituinte, a Convenção Nacional, estabelecida
por sufrágio universal masculino, que em 1792 criou a I
República francesa.
A Convenção permitiu que o poder executivo se concentrasse
no Comitê de Salvação Pública. Este, dominado pela facção
radical jacobina, inaugurou o denominado regime do Terror,
para eliminar os inimigos da Revolução. O Rei foi julgado e
executado em janeiro de 1793.
Em 1794, produziu-se uma reação contra o regime jacobino,
que foi eliminado após um golpe de Estado. No ano seguinte,
a Convenção Nacional adotou uma Constituição que previa um
regime republicano constituído por um Diretório, que exercia
o poder executivo, e um poder legislativo dividido em duas
câmaras eleitas indiretamente.
O Diretório governou a França durante quatro anos difíceis,
devido às convulsões causadas pela revolução e a guerra
contínua. No interior, o Diretório era ameaçado à direita
pelos monarquistas, desejosos de restaurar a monarquia, e à
esquerda pelos jacobinos, determinados a estabelecer uma
república democrática. O general Napoleão Bonaparte conduziu
um golpe de Estado em 1799 e, junto com seus seguidores,
destituiu o Diretório e estabeleceu o Consulado.
Napoleão nomeou-se chefe de Estado. A nova Constituição
estabelecia os poderes essenciais do cargo que ele assumia,
o de Primeiro Cônsul. Pôs-se à frente de um exército que
penetrou na Itália e enviou outro ao sul da Alemanha, e suas
vitórias obrigaram a Áustria a firmar a paz em 1801. A
Grã-Bretanha, sem aliados e sem comércio com uma Europa cada
vez mais dominada pela França, acordou firmar a Paz de
Amiens (1802), que acabou com as hostilidades entre os dois
países.
A legislação reunida no Código de Napoleão confirmou as
principais vitórias obtidas pela Revolução, como a abolição
dos privilégios feudais, a igualdade perante a lei e a
liberdade de consciência.
Napoleão estabeleceu em 1804 o Império Francês e se coroou
imperador. Isto confirmou suas ambições de extender-se além
dos limites da França dos Bourbon e, em 1805, reiniciaram-se
as Guerras Napoleônicas. Em pouco tempo, se converteu em
dono da maior parte da Europa. Mas a própria extensão de
suas conquistas fazia difícil mantê-las.
Depois da definitiva derrota do Império em 1815, na batalha
de Waterloo, restaurou-se a monarquia na figura de Luís
XVIII, irmão do rei decapitado.
Luís XVIII garantiu o cumprimento de uma Constituição, a
Carta de 1814, que estabelecia uma monarquia parlamentar e
reformas sociais expressadas nos códigos de leis
napoleônicos. O regime era representativo, mas não
democrático.
Os anos de governo dos moderados levaram, após o assassinato
do duque de Berry, herdeiro do trono, em 1820, ao governo
dos ultra-realistas com a coroação de seu máximo expoente em
1824, com o nome de Carlos X.
Em 1830 promulgou uma série de decretos para convocar novas
eleições, reduzir o número de votantes e restringir a
liberdade de imprensa. Isto conduziu a uma série de
protestos e Carlos X, abandonado por todos exceto por uma
minoria de monarquistas, abdicou. Os deputados ofereceram o
trono a Luís Felipe, duque de Orléans, pertencente a um ramo
da família dos Bourbon. Revisaram a Constituição para
eliminar o poder legislativo do rei e ampliaram,
moderadamente, o sufrágio.
A Monarquia de Julho, denominação que recebeu o regime de
Luís Felipe, foi dominada pelos acomodados proprietários de
terra e alguns homens de negócios e banqueiros,
transformando-se em benfeitora da grande burguesia.
A rigidez do governo e a séria depressão econômica de 1846 e
1847 solaparam a base do regime e fizeram com que se
propusesse um novo regime republicano como alternativa. Luís
Felipe abdicou em 1848. Formou-se um governo provisório e
proclamou-se a II República Francesa.
A Constituição da II República, promulgada em 1848,
estabelecia um regime presidencialista e unicameral, no qual
tanto o presidente da República como a Assembléia eram
escolhidos por sufrágio universal masculino. Luís Napoleão
Bonaparte foi eleito presidente por maioria, enquanto as
eleições parlamentares deram a vitória aos monarquistas,
contrários à República. Luís Napoleão tomou o poder com um
golpe de Estado em 1851 e um ano depois restaurou o Império
e assumiu o nome de Napoleão III.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
A Pont des Arts, ponte de pedestres, cruza o
Sena no centro de Paris. O Sena é o rio mais importante da
França, pois proporciona as conexões entre Paris, centro
econômico, político e cultural do país, e outras cidades,
incluindo o porto do Havre na costa atlântica.
As conquistas de Luís Napoleão em política interna não
condizem com seus fracassos no exterior. A vitória sobre a
Rússia na guerra da Criméia (1853-1856) teve como
contrapartida o fracasso da tentativa de impedir a ascensão
da Prússia e do projeto de conseguir para a França
compensações que fizessem frente ao aumento de território e
de poder prussiano.
Depois da derrota a Assembléia Nacional, estabelecida para
poder firmar um tratado de paz, teve que resistir a um grave
conflito interno. Os republicanos radicais de Paris se
rebelaram e instauraram um governo municipal independente, a
Comuna de Paris, em 1871.
A maioria monarquista da Assembléia Nacional tentou
restaurar a monarquia, mas não conseguiu resolver as
diferenças entre os pretendentes dos Bourbon e dos Orléans
ao trono, razão pela qual os republicanos conseguiram a
aprovação de uma Constituição republicana em 1875.
Após a Guerra Franco-prussiana, a segurança nacional foi uma
preocupação constante. Seguindo as previsões de Bismarck, o
governo francês orientou seus objetivos para a expansão
ultramarina e estabeleceu um império colonial na África e na
Ásia, o segundo em extensão depois do Império Britânico. Em
1894, a França e a Rússia firmaram uma aliança defensiva que
estabelecia ajuda mútua contra ataques alemães ou
austro-húngaros. Uma década mais tarde, o temor comum, a
Alemanha, estimulou a França e a Grã-Bretanha a resolver
suas diferenças coloniais e a iniciar negociações para
unificar suas operações militares e navais na Europa. Em
1907, a Grã-Bretanha e a Rússia também haviam resolvido suas
diferenças e, junto com a França, formaram a Tríplice
Entente, como resposta à Tríplice Aliança, integrada pela
Alemanha, Áustria-Hungria e Itália.
O assassinato do herdeiro do trono austro-húngaro pelos
nacionalistas sérvios em 1914 precipitou uma nova crise. Os
interesses franceses não estavam implicados diretamente na
disputa balcânica entre a Áustria-Hungria e a Rússia, mas o
governo respaldou seu aliado russo. A Alemanha, apoiando a
Áustria-Hungria, declarou guerra à Rússia e, após a negativa
francesa de permanecer neutra, declarou guerra à França.
Em 1918, a unificação das forças aliadas, a entrada dos
Estados Unidos na guerra e o esgotamento da maquinaria de
guerra alemã permitiram aos aliados desenvolver uma ofensiva
que obrigou o governo alemão a pedir a paz. Em 11 de
novembro de 1918, a recém estabelecida República de Weimar,
na Alemanha, aceitou o armistício e firmou-se a paz no
Tratado de Versalhes.
O problema interno mais agudo depois da guerra foi a
estabilização do franco. A desvalorização prejudicou
duramente a burguesia, que havia sido núcleo de apoio social
à República e que dependia de suas economias. Os últimos
anos da década de 1920 e os primeiros de 1930 significaram
um breve interlúdio de prosperidade e calma, que terminaram
com a chegada à Europa dos efeitos da Grande Depressão e com
o ressurgimento, depois de 1933, de uma Alemanha agressiva.
Ao longo das décadas de 1920 e 1930, a segurança nacional
continuou sendo a principal preocupação do governo. A
Grã-Bretanha e os Estados Unidos não ofereceram garantias de
evitar o rearmamento alemão, razão pela qual a França tentou
conseguir certa segurança estabelecendo alianças com a
Bélgica e com os estados da Europa oriental que poderiam
ameaçar a Alemanha com uma guerra de duas frentes, caso a
França fosse atacada. Adolf Hitler ascendeu ao poder na
Alemanha em 1933 e começou o processo de rearmamento. Em
setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia, e a França e
a Grã-Bretanha declararam-lhe guerra, o que deu início à II
Guerra Mundial.
Terminada a guerra, o Comitê Francês de Libertação Nacional
transformou-se em governo provisório da República francesa.
Charles de Gaulle dominou o governo durante os 15 meses
seguintes, mas cedeu seu cargo em 1946, quando a recém
eleita Assembléia Constituinte se mostrou em desacordo com
seus pontos de vista sobre a necessidade de um regime
presidencialista unicameral.
A IV República foi instituída após a promulgação de uma nova
Constituição no final de 1946. As grandes conquistas do
regime foram a reforma social e o desenvolvimento econômico.
Em 1957, a França uniu-se a outros cinco países europeus
ocidentais para fundar a Comunidade Econômica Européia.
Os problemas coloniais (a perda da Indochina e a guerra de
independência da Argélia) acabaram com a IV República. Em
1958, a Assembléia Nacional outorgou a De Gaulle plenos
poderes para governar o país durante seis meses e para
redigir a Constituição da V República, aprovada por
referendo popular.
Sob a nova Constituição francesa, as colônias conseguiram
autonomia de governo dentro da Comunidade Francesa, mas os
nacionalistas de cada enclave colonial ansiavam conseguir a
independência e em 1960 revisou-se a Constituição, para
permitir a separação amistosa da França das antigas
colônias.
Os acontecimentos do Maio francês, ocorridos em 1968,
desembocaram na demissão de De Gaulle, em 1969. Nas
eleições, Georges Pompidou foi escolhido presidente da
República.
O falecimento de Pompidou aconteceu repentinamente em 1974.
Ganhou as eleições o candidato dos republicanos
independentes, Valéry Giscard d'Estaing.
Em 1981, após a vitória socialista nas urnas, François
Mitterrand substituiu Giscard como presidente da República.
O governo nacionalizou a maioria dos bancos e das firmas
industriais, elevou os impostos e ampliou os benefícios
sociais. Em 1982 e 1983, uma recessão econômica fez com que
o governo impusesse medidas de austeridade. Como
conseqüência, em 1986 Mitterrand teve que conviver com
Jacques Chirac como primeiro ministro. Esta foi a primeira
vez desde 1958 em que partidos opostos governaram juntos, no
denominado governo de coabitação. Depois de várias mudanças
de governo, as eleições presidenciais de 1995 levaram
Jacques Chirac à presidência da República, ao mesmo tempo em
que o socialista Alain Juppé assumia a chefia do governo.
Por Rainer Gonçalves Sousa